Mortes e Mentes.


Nada por subversão, ao espírito que rege, nada por inconstância, aos homens que seguem. O futuro tende a não ser promissor, mas a tentativa é a maior das dádivas. Não queria ele erguer-se de um trono, feito rei, onde tudo comandava e tudo observava. Mas as escolhas feitas outrora fariam com que a benção divina sobre ele lançada se desvanecesse de tal maneira que ele nem sorte teria mais. Ele fora abençoado, mas a punição divina dói de modo aquém dos homens. Ninguém agüentaria um minuto de fúria celestial sobre um céu gasto pelo tempo, onde homens morreram e pragas foram rogadas.

Tudo está fora do lugar. Ótimo. A natureza segue seu curso. Mas os deuses têm ódio e isso não pode durar muito tempo. A ação de um único homem, este fadado a destruir o mundo ou salva-lo. Uma escolha difícil para quem vem de um lado neutro. Mas nada o mete medo. O lado mais difícil, esse sim parece interessá-lo. Salvar a humanidade não parece muito apetitoso, mas quando se sabe que nem mesmo os humanos fazem algo para se salvarem, torna-se deveras astuto optar por esse lado.

As crianças choram, ninguém sabe por quê, nem mesmo elas. A mãe desesperada a procura de um consolo para seu único filho que sofre no leito de morte. Últimos momentos e ele só quer dormir. A humanidade é assim. A mãe chora, as crianças olham. Está tudo no lugar.

Os últimos dias são sempre os mais interessantes, ninguém lembra o que aconteceu em tempos aquém desses. Não deveriam lembrar. Não lembram. Tudo bem, eles sabem que o futuro é árduo, que a subliminariedade rege a todos. Não há por que lutar, nada vai mudar mesmo, nunca muda.

Nós sempre lutamos com nós mesmo. Nunca fez diferença. Nunca mudamos. Não adianta dizer que você mudou. Você não mudou. Quem sabe, no maximo, assumiu uma forma mais verdadeira, soltou seus mais obscuros desejos ou algo assim, mas mudar realmente, isso não acontece. As pessoas não mudam, o que falar do mundo. Nada muda.

Lute, sua perseverança fará diferença, não para você, mas para os outros. Sabe-se que a perseverança, assim como a esperança, não leva a nada. Espere e verás que nada mudará, nem mesmo um grão de areia muda. Nada se muda, tudo se rearruma. Desse modo a humanidade pode se matar sem ser perturbada por ela mesma. Não há o porque se preocupar com a situação, é natural.

Diga-se de passagem, a tradição foi quem fez com que a humanidade perecesse no próprio vomito. Nada em familiar, nem todos deveriam pertencer a humanidade. Meros mortais, nunca souberam usar o que mais de valor lhes foi oferecido: a inteligência. Morreram todos de uma mesma maneira, sem deixar marcas.

Sei que uso palavras fortes e árduas. Mas é assim que as coisas devem ser. Ninguém faz nada à força, mas mostre apenas o poder, sem usá-lo, e todos lhe obedecerão de maneira nunca antes vista. As coisas não estão mais no lugar como estavam outrora. A aurora não mais nos delicia com sua graça. Tudo está morto. E ninguém se importa.

Morremos todos, por ignorância de nós mesmos.

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