Histórinha


Ai começou. Tipo, era meio estranho. Acho que aquele líquido era LSD. Mas vai se saber. Até hoje tenho medo de tesouras. E palmadas na bunda. Sem falar daquela maldita agulha. Mas houveram também as coisas boas. Tipo, poder vomitar em qualquer lugar e em qualquer pessoa, comer o tempo todo, dormir a hora que quiser, enfim.
Mas depois de um tempo a gente tem que começar a caminhar, se exercitar um pouco. Corre, pula, dá de cara em alguma coisa. Era frustrante, mas valia a pena, nem que fosse pra ganhar um pirulito depois.
Seguindo a bagaça, veio a hora de começar a sair. Claro, quem estuda em casa? Quem fazia o dever? Há, duvido. Ninguém nunca vai inventar algo tão legal como aquele período de tempo onde se era rei de alguma coisa, dependendo do local, e onde o reino parecia querer o mesmo que você. Das amizades dali pouco foi levado e muito foi aprendido, principalmente aquela coisa que os adultos prezam tanto e que reclamam nunca encontrar.
Mas o tempo passa e se percebe que o que importa é seguir a sociedade. Se encaixar. Usar o controle um. Não usar o carro vermelho. Sentar atrás. Percebe-se o que é importante pra nós. Claro, isso muda toda semana, mas isso não importa. Ou importa sim. Claro que importa.
Se começa a pensar no futuro, enquanto todos ficam por ai, tu fica ali, e fica, vidrado, focado, quase nem pisca. Presta o máximo de atenção. Enquanto os outros dormem, você faz o que eles reclamarão por não ter feito daqui a dez anos. Faz o que deve ser feito, se distrai, volta e no final o resultado é satisfatório. Isso tudo pra depois você notar que não valeu de nada, pois onde tu queria estar já é ocupado por alguém que não fez nada do que tu fez, não passou por nada do que tu passou e ainda por cima é dito que ele é melhor que tu.
Fazer o que né. É a vida.

As arvorezes somos nozes [XVI]


Eu sou Nerd. Eu sou Geek. Eu sou garoto de programa. No bom sentido. A nova, nem tão nova, mania é ser titulado. Não se titular, mas fazer com que as pessoas te olhem e digam “Nossa, ele é daquela turma dos coloridinhos”. Acho bacana que cada um goste de uma coisa e queira mostrar isso, o problema tá quando se faz só por moda. Esses dias o Jonatan Correa, o cara do Reação em Cadeia, deixou um tweet falando que ele não gosta dos coloridos. Pronto, foi o suficiente pra três em cada quatro fãs dele cair de pau em cima dele. No próprio tweet ele pergunta porque todos podem ter opinião e ele não?
É por isso que eu admiro alguns estilistas. Eles sabem que eles tem que lançar conceitos e mostrar cores e estampas, por isso não se prendem a realidade. Nunca se sabe o que, do que eles criaram, será usado – a calça do Aladim tá que não me deixa mentir.
Mas então, você quer parecer com o quê? E não venha me dizer que é original e bla bla bla. A única pessoa original dos últimos anos foi a Lady Gaga. A lagosta não falha nunca.

A História do Fim


Capítulo I – Apresentação dos personagens.
Fim.

O sucesso Flower Power


Esses dias tentei entender uma coisa. Como jovens que hoje frequentam a faculdade podem se tornar bons profissionais amanhã? E sim, eles se tornarão. Eles não estudam, não se organizam, não se respeitam, nada. Fumam o que tiver na frente, bebem qualquer coisa líquida. Só se importam em ir nas festas. E eles ainda darão bons profissionais amanhã.
Isso com certeza é algo que me irrita. Não que eu faça as coisas certas e fuja desse padrão. Não sou igual a maioria, mas tenho meus defeitos. Não me interesso por aulas, não faço trabalhos, me distraio o tempo todo. E mesmo assim vou bem.
Acho que essa coisa começou com o Jobs. Resumindo: ele e o Gates começaram juntos. Gates fazia tudo e era puritano. Jobs não se importava com nada e era drogado. Resultado: Gates ainda é o mais rico, mas quem tem mais prestígio?
Eu tenho dormido 3~4 horas, viajo 500 km por dia. Terei uma segunda formação antes mesmo de ter a primeira. Será que isso tudo valerá a pena? Será que depois de três ou quatro anos eu serei alguém no mundo?
Só sei que o pessoal do rebolation tá fodido.

O final é o começo


Depois do “felizes para sempre” da Branca de Neve, ela e seu príncipe desnomado foram para o seu lindo castelo na província dos ex-príncipes-sem-nome-futuros-reis-de-um-lugar-qualquer.

Lá eles viveram anos de beleza, amor e sem gracisse, até que Branca engravidou. Branca teve uma linda menina de pele negra e os olhos mais escuros de que já ouvi falar. Seu nome? Jasmim. Jasmim era uma linda criança, mas não o bastante para alegrar Branca, que entrou em depressão pós parto.

Branca sofreu muito ao se ver com os peitos caídos, as olheiras na face e seus cabelos mal cuidados. Começou a beber, e meses depois de dar a luz a linda Jasmim, morreu de cirrose.

O Príncipe-desnomado-que-já-era-rei, sofreu muito com a perda de Branca, mas cuidou de sua filha com muito amor, até arranjar outro rabo de saia que cuidasse melhor dela. Foi então que ele conheceu a linda e já experiente Miranda Priestly, que apesar da fama de “dama-de-ferro” tinha duas filhas, e saberia muito bem cuidar de Jasmim. Suas filhas eram Alice (que no final dessa história irá para o País das Maravilhas) e Caixinhos Dourados, que não tinha caixinhos, muito menos cabelos dourados, e tinha cara de bolacha Trakinas.

A infância e adolescência de Jasmim foi sofrida, pois se culpava pela morte da mãe, sentia falta do pai, que só sabia viajar pra comprar vestidos caros para sua esposa, e sofria nas mãos de suas meio-não-irmãs que a faziam fazer os trabalhos de escola delas. Porém Jasmim cresceu linda e morena, tornando-se uma bela mulher.

Certa manhã, Jasmim saiu para comprar carne no Açougue dos Três Porquinhos, e de papo com o Lenhador, foi surpreendida pelo Lobo Mau, que estava fazendo um bico de panfleteiro pra ganhar um extra. O panfleto que o Lobo entregava falava sobre a festa anual do Peter, uma das melhores da região, que aconteceria naquela noite. Jasmim correu para casa para se arrumar.

Não contou nada para suas meio-não-irmãs, para que elas não estragassem sua noite. Procurou seu vestido mais bonito, pois queria estar sexy para, quem sabe, achar o seu príncipe desnomado. Porém, Jasmim não entrou em seu vestido, os donuts que comera sem parar fizeram a diferença. Ela chorou, chorou e chorou, e quando estava como uma bêbada acabada no final da festa, de suas lágrimas surgiu, ninguém mais, ninguém menos que: O Maskara! Meio sem saber o que havia ali, disse que Jasmim não estava como deveria estar para esperá-lo. Jasmim, meio embasbacada explicou-lhe a situação. Num subto tornado, o Maskara, dando uma de fada madrinha, arranjou um bom espartilho, um vestidinho rosa-bem-mini, uma sandália prata, com um salto plataforma transparente – super na moda, deu um jeito no make da guria e disse que ela estava pronta pro Coco Bongo. Jasmim, surpresa explicou lhe novamente a situação, enfatizando que não queria ir a qualquer festa (tipo o Coco Bongo), mas sim a festa anual do Peter. Maskara abismado-surpreso-e-logo-furioso fingiu que nada havia acontecido, deixou uns trocados na beira da cama e saiu sem dizer nada. Jasmim usou os trocados que Maskara deixou para pegar um taxi, pois não queria chegar na festa de ônibus.

Ela dançou como nunca havia dançado, rebolou como nenhuma outra, chamou a atenção de todos os príncipes desnomados da região, principalmente de Peter, o anfitrião. Peter a cercou a noite inteira, até que ela, encantada, se deixou levar pelos encantos dele. No final da festa, entre beijos e amassos, ele a convidou para sairem dali, irem para um lugar mais tranquilo, e todo aquele papo masculino. Quando estavam no in-out-in-out, ali, no carro mesmo. Um guarda bateu na porta, pediu os documentos e para que se compuzessem. O carro era do pai de Peter, que havia morrido havia alguns meses. Jasmim tinha vinte e cinco anos. Peter doze, na documentação.

Jasmim mal acreditava no que havia feito. Uma criança. Ele foi para algum juizado de menores. Ela presa por pedofilia.

Pelo menos ela se livrou da Miranda. Que se livrou do Príncipe-desnomado-que-já-era-rei para ficar com o Capitão Gancho, que tinha mais posses. Já Alice, filha de Miranda, seguiu um porquinho e sumiu numa moita. Dizem que era uma passagem secreta para o País das Maravilhas, mas quem e que vai saber? E a cara de trakinas se atracou num pote de mel que o Lenhador ofereceu.

É, nem todas as histórias tem finais felizes.

Essa eu escrevi no ensino fundamental.

Eu, incolor.


Vou lhes contar uma breve história sobre um cara solitário. O nome dele era Tom, e ele não era do tipo popular, nem mesmo o amigo nerd que é tímido. Tom não se enquadrava em nenhuma predefinição, aliás, ele era uma mistura de todas as definições de caras da faculdade, porém era só. Era bonito, mas não tinha garotas na volta, era inteligente, mas não tirava boas notas, todos o conheciam, mas ninguém sabia quem era. O tipo de cara que vai a uma festa, mas não é notado, aquele tipo que não fede, nem cheira, sabe? (Sempre tem um desses em algum lugar, só que a gente não nota).

Tom trabalhava numa livraria e vivia com uma pilha de livros nos braços, aliás, ele vivia dentro dos livros, pois a cada um que lia influenciava em algum aspecto da sua aparência. Já andou com um anel pendurado no pescoço e com uma toalha na mochila, chegou até a roubar um livro da biblioteca municipal, e a se enviar cartas de baralho com endereços escritos, mas ninguém nunca notou.

Suas esquisitices e estranhezas o faziam diferente, mas não mudava o fato de não ser notado. Certa manhã, Tom acordou disposto a mudar a sua vida. Pôs a sua roupa mais cool, não arrumou os cabelos, nem pôs o relógio no pulso. Acordara decidido a ser notado. Naquele mesmo dia, a tarde, Tom foi notado, na faixa de segurança do cruzamento mais movimentado da cidade, na hora do rush. Tom tinha uma arma dentro de sua boca e puxou o gatilho com a convicção de que só assim seria notado.

Tom foi notícia em jornais do mundo todo, uma semana depois já não se falava nele.