Sempre que já nem me lembro, lembras pra mim


Não sou o tipo de pessoa que conhece alguém num dia e esquece no outro. Sou boa fisionomista e quando me interesso então, decoro até o CPF da criatura. No meu trabalho, tenho a obrigação de conhecer todos os dias alguém novo, mas isso não é problema.
Também não esqueço os momentos, pra mim, momentos são muito importantes. Guardo tudo dentro de mim, como se eu fosse um baú. Como se algum dia alguém fosse me abrir e revirar o que tenho dentro. Como se tudo o que guardo fosse precioso. Como se tudo fizesse sentido. Como um baú faz sentido. Como um baú é precioso.

Para mim, o que, realmente, faz sentido é guardar os momentos de outrora, para depois lembrar e sentir as sensações mais puras que essa vida me oferece. Sentir a mesma alegria que senti ao ganhar um ursinho de pelúcia do namoradinho da infância; sentir a mesma cumplicidade que sentia nos dias que passava com aquele irmão, que não é irmão, mas foi o que escolhi pra ocupar o lugar de um; sentir o mesmo carinho que senti ao perceber que aquela amiga do colegial era a melhor e estaria sempre comigo; sentir o mesmo aperto no peito que senti ao sair do colegial e entender que aquele era só o primeiro passo para algo muito melhor; sentir a mesma angústia que senti ao deixar amigos para trás; sentir o mesmo alívio que senti ao perceber que nem tudo estava perdido; sentir a mesma felicidade que senti pela primeira vez que cortei o cabelo por conta própria; sentir o mesmo frio na barriga que senti ao conhecer ele; sentir o mesmo afago que senti quando chorei por amor, no colo daquele amigo; sentir que o mesmo amigo ainda é amigo e será pra sempre ‘O’ amigo; sentir a mesma felicidade que senti quando ele descobriu que não havia escapatória, ele seria meu; sentir a mesma liberdade que senti quando saí de casa; sentir o mesmo peso da responsabilidade de me manter fora de casa; sentir a mesma alegria que senti na primeira vez que ouvi um “bom dia, amor”; sentir a mesma ansiedade que senti no primeiro dia na faculdade; sentir que sinto todos os dias uma enorme vontade de sentir mais.

Por essas e outras que pretendo ser um baú, guardando recordações, pro resto da vida. E não se engane, dentro desse baú ainda cabe muita coisa.

Ensaio: Homem. A Teoria da Regra de Dois.

No assunto amor, o homem é o que mais se dedica sem se preocupar com as conseqüências. Ele não quer saber o que vai enfrentar, só quer saber o que tem a ganhar (vide ambição). Com o amor incauto que possui, o homem espera obter o resultado esperado, resultado este que nem sempre é bem concebido. Mesmo quando se sabe o que quer, o homem tem a tendência de quer um par muito diferente. Em muitos casos relatados isto não chegou a ser um problema, mas há relatos de casos onde uma simples virgula trocada faz com que o amor, que até agora era benigno, passe a ser outro amor, agora maligno.

Uma interessante e importante característica do homem é ter amor maligno. Qualquer outra raça trata seus inimigos como inimigos, desdenhado-os, mal tratando-os e tentando derrubá-los. Os homens também o fazem, mas não todos. É comum casos de inimigos se idolatrando e cuidando de si, caso que a literatura vigente aborda com temas históricos. Essa característica foi incorporada a outra, de nome honra, mais tarde.

Com o amor humano esclarecido, apresento a Teoria da Regra de Dois. Diferente do calculo matemático da Regra de Três, onde, alterando a ordem dos fatores é possível definir e identificar um valor oculto, a Regra de Dois trata do inverso, onde, uma pessoa, apegada a outra, passa a existir socialmente caso o teorema seja verdade. Para provar o teorema e torná-lo verdadeiro é necessário saber o nível de entrosamento desta pessoa. Apesar de estar apresentando a teoria como se fosse booleana, não acredito que ela possa ser escrita ou mostrada, mas como teoria, é uma ótima reflexão. Para melhor explicar a diferença entre a regra de três e a Teoria da Regra de Dois, basta um exemplo: se uma pessoa é bem aceita socialmente, isto se deve a dois fatores: nível de entrosamento e nível social. Qualquer um destes fatores aumenta com uma companhia amada. Porém, isso não quer dizer que, se a pessoa amada se afastar, os níveis devem baixar. Neste caso, o romance deve ser tratado como um aprendizado de longa duração.

Apesar de, se comparada a regra de três, a Teoria da Regra de Dois parecer completa ela não o é. Quando se trata de Homens, há sempre fatores que devem ser levados em conta, mesmo que eles ainda não sejam conhecidos. A isto, damos o nome de Imprevisibilidade.

Ensaio: Homem. Prefácio.

Se o Mundo fosse dividido em quatro ensaios, quais seriam eles? Eu escolhi os seguintes: Homem, Terra, Dinheiro e Deus. Justamente por que não acho que exista algo que não está relacionado a pelo menos um destes itens. Dentre os quatro ensaios, começarei justamente pelo mais longo, o Homem.

Como explicá-lo? Como entendê-lo? E mais um monte de Como?’s que você pode se fazer continuarão sem respostas depois de ler todo o ensaio. Mesmo assim, vale à tentativa.

O homem em si não serve a propósito algum, o que o impulsiona é a quantidade. Quantidade de homens a seu dispor, quantidade de dinheiro a seu dispor, quantidade de qualquer coisa, desde que esteja a seu dispor. Não há homem sem ambição. Seja uma ambição branda, disfarçada, leve, seja uma ambição forte, poderosa, dominadora. A ambição é uma das melhores amigas do homem, o acompanhando desde que era preciso criar estórias para contar o passado. O homem tem uma tendência natural à ceder a ambição, ficando a mercê da mesma em muitos momentos. Todo homem sabe controlar sua ambição, desde que ele saiba que isto resulte num premio, ou seja, uma ambição disfarçada de caridade, mas para o bem próprio.

O homem é um ser fantástico. Ele se distingue dos outros animais, dentre outras coisas, por ser completamente divisível. Vou explicar. Se pegarmos uma raça qualquer que não seja a humana, na pior das hipóteses, a esmagadora maioria da raça faz as mesmas coisas e se comporta da mesma maneira, agindo mais por instinto. Já os homens são diferentes. Eles sabem o que querem, e por isso são guiados pela ambição, pelo faro de idéias. Se reduzirmos o mundo a dez mil humanos, teremos uns dois ou três mil “tipos” de homens. Porém, sabemos que foi justamente esta diversidade que fez com que nos déssemos tão bem com qualquer lugar que estejamos.

Uma outra característica marcante no homem, é o amor. Já foi provado cientificamente que há vários animais que amam, não somente os humanos, mas nenhum dos outros se sacrifica tanto por algo nem sempre vantajoso. Apesar do amor fazer bem quimicamente, ele nem sempre é um upper fisicamente. Como tese, proponho a Teoria da Regra de Dois.

Os Quatro Ensaios sobre o Mundo.

Inicio aqui o Projeto Os Quatro Ensaios sobre o Mundo. Pra quem não sabe o que é, Os Quatro Ensaios sobre o Mundo é algo que eu vou fazer durante a vida deste blog. Não tenho tido muito tempo para me dedicar a ele, por isso as passagens podem não ser regulares. Os Quatro Ensaios sobre o Mundo se resume a quatro capítulos – ensaios – distintos: Homem, Terra, Dinheiro e Deus. Cada um destes ensaios será abordado em várias partes, algo como sub capítulos.

Sem mais, dou inicio aqui a’Os Quatro Ensaios sobre o Mundo.

Hey little world!


Pois é, tanta mudança do lado de cá e eu sem mandar notícias pro lado de lá. Pensa bem: Orkut as moscas, Twitter é um ninho abandonado, MSN não serve pra nada, meu Flicker é cego. ‘Tá certo que eu não tenho muito tempo para isso, mesmo assim não custa provar para o mundo que eu existo.

Na verdade estou tentando fazer isto da melhor forma possível – sendo reconhecido. Tenho trabalhado para fazer o meu nome na praça e também tenho participado de concursos. Coisas que todo mundo faz. Na verdade, penso até em mudar meu ramo de atuação. Novidades, novidades, novidades. O certo é que nada muda. Tudo bem que eu tenha crescido neste um ano escrevendo aqui, mas eu continuo o mesmo garotinho que brotou aqui um dia e ficou feliz quando recebeu um elogio de alguém desconhecido.

O fato é que eu tenho andado entediado. Serviço entedia, faculdade entedia, tédio entedia. Preciso de coisas novas, preciso me renovar, nascer de novo. Mas não neste país. Não com os mesmos amigos. Preciso que seja quase tudo novo.

Sim, começar do zero. Quem sabe ir morar na serra ou perto de um lago congelado. Escolher melhor as minhas amizades, mas nem tanto. Ter inimigos mais desafiadores, que me cobrem mais. Ter mais esperança nas pessoas. Amar pessoas que amei e outras que odiei. Ir atrás dos meus sonhos, mas não desistir só porque o mundo deu as costas pra mim. Ser mais convicto no que eu quero e sim, querer o que eu quero. Não ser desleixado com as minhas vontades. Talvez não querer ser tão rico e até mesmo viver sem ter muita coisas e ainda sim se sentir bem com isso.

Me mudar por completo, virar outra pessoa. Pintar, finalmente, o cabelo de azul. Assumir que existem seriados tão legais quanto desenhos animados. Praticar mais exercícios e dedicar mais tempo a esses. Correr uma meia maratona e terminá-la, nem que em último. Aprender inglês em um curso até saber soletrar de trás pra frente “How are you?”. Aprender alemão e não desistir por achá-lo difícil.

Talvez até eu deva ser uma pessoa melhor, não sendo tão chato. Ajudar a quem precisa com mais freqüência. Ser solidário, bondoso. Quem sabe eu deva rezar mais, acreditar mais e pedir coisas a Deus com mais freqüência.

Todas as mudanças que a gente vislumbra são aquelas que acabamos não fazendo. Um dia eu pensei em ser designer, desisti pra ganhar mais dinheiro, pensei em correr uma meia maratona, mas desisti por não me achar capaz, pensei em pintar o cabelo de azul, mas desisti pra parecer mais com a multidão. Tenho um professor que diz que idéia é aquilo que esperamos que aconteça e oportunidade é aquilo pelo qual nós lutamos por. Cabe a vida decidir se ele está certo ou errado.

Até agora ele está ganhando.

Não é à volta


Sabe quando você começa a escutar uma musica e de repente a saudade bate? É a saudade. Saudade de qualquer coisa seja de um momento, de uma noite, de um beijo, qualquer coisa mesmo. Hoje aconteceu comigo.

Eu estava escutando uma musica e ela veio. Saudade. O melhor modo de saudade é quando ela aparece de surpresa, te pega despreparado, desprevenido. Chega de mansinho e quando a gente percebe, quer esquecer o presente e reviver o passado.

Hoje eu tive saudade do silêncio. Uma musica que da saudade do silêncio. Existem momentos que a gente caracteriza por um fator. Neste caso, são uma serie de momentos determinados por um fator comum: o silêncio. Não que não houvesse conversas, houvera muitas, não que não houvesse música, poucos tipos, ótimos gostos. Mas o silêncio era o mais marcante. O mais profundo, acolhedor e cúmplice silêncio imaginável.

Com certeza esses são silêncios de que me lembrarei para sempre. Numa musica, num beijo, até numa conversa, mas nunca me lembrarei destes silêncios estando em um. Há coisa que só aparecem em situações adversas.

A música? Uma qualquer. Não para mim, não para quem compartilhava o silencio comigo, mas para o resto todo. Se do que mais me recordo é o silencio, como posso compartilhar esta musica sem sons com você? Não me peça o que não pode ser feito.

Dor, sentimento aguçado


Caracteriza-se dor de maneiras diferentes dependendo do que se fala.

No esporte, no físico ou nas artimanhas, dor pode significar um bônus de coragem, um motivo a mais para continuar e fazer melhor ainda o que já esta sendo feito. A dor pode funcionar até mesmo melhor que um energético ou que a adrenalina. O sangue por sua vez tem a mesma finalidade do “Vai!” de um técnico, sendo muito usado para traçar percursos para se chegar ao objetivo.

Para a medicina, a dor é o aviso que o corpo manda quando algo esta errado. O que os médicos ainda não sabem é o que “errado” quer dizer para o nosso corpo, e nesse caso não se pode dizer muito sobre ela. Quando fazemos o que mais gostamos por muito tempo costumamos ficar cansados, um tipo leve de dor, o que não quer dizer que não gostemos.

Para os mais aflitos, dor não tem nada de físico. Perda de um amor, briga com um amigo, isto sim é o maior tipo de dor que se pode sentir. Esta dor é caracterizada por ser facilmente curada com um pedido de desculpas, um beijo ou um abraço. Porém, está é a única dor que pode matar alguém por dentro sendo tão mortal quanto à dor física.

Para os que têm objetivos, a dor pode não transparecer, sendo um modo intermediário entre a dor física e psicologia. Ter uma missão interrompida, ou pior ainda, ter de abandonar um objetivo, são coisas que não podem ser reparadas e deixam cicatrizes mais profundas e feias do que qualquer acidente. Esta dor pode ser disfarçada, mas não curada.

Talvez o sangue e as lágrimas queiram dizer algo, mas há coisa que nem atletas, nem médicos, nem mesmo os mais apaixonados sabem ainda: por que sentimos tanto prazer em ter dor quando temos tudo o que queremos se a dor é o que mais detestamos? Quem sabe o “olhar para trás” também queira dizer algo.

Relembrando


A afta ou úlcera aftosa é uma doença comum, que ocorre em cerca de 20% da população.

É caracterizada pelo aparecimento de úlceras dolorosas principalmente na mucosa bucal podendo, raramente, aparecer nas gengivas e no céu da boca. As aftas costumam ser precedidas por ardência e prurido, bem como pelo surgimento de uma área avermelhada. Nessa área desenvolve-se a úlcera, recoberta por uma membrana branco-amarelado e circundada por um halo vermelho. Essas lesões permanecem cerca de 10 dias e não deixam cicatriz; em geral, o período de maior desconforto perdura por dois ou três dias.

Frutas ácidas como o abacaxi, assim como temperos picantes podem funcionar como fatores desencadeantes, mas somente em quem apresenta uma tendência para o problema. Muitas vezes os pacientes são alérgicos: têm aftas quando ingerem certos alimentos.

Pequenos traumas na mucosa, distúrbios gastrintestinais, o ciclo menstrual e o estresse emocional também podem desencadear a lesão. As aftas surgem na maioria das vezes em pessoas saudáveis, e não provocam febre nem mau hálito. Não é uma doença transmissível e não tem cura definitiva, sendo um problema que vai e volta. As feridas são limpas, pois não há nelas fungos ou bactérias que desencadearam o problema. No entanto, há um traço familiar envolvido, Filhos de pais portadores de aftas apresentam chances bem maiores de também sofrerem com aftas.

As aftas doem porque são lesões ulceradas: há exposições do tecido conjuntivo, que é rico em vasos e nervos, o que provoca dor. Além disso, o quadro pode ser agravado por infecções causadas por micro organismos do meio bucal. Não existe tratamento que seja eficaz para todos os portadores de aftas. Alguns têm uma lesão aftosa uma vez por ano; outros apresentam lesões múltiplas com grande freqüência. Quem tem propensão a aftas deve evitar consumir frutas e alimentos ácidos e, na medida do possível, combater o estresse.

Não coma alimentos ácidos capazes de agravar a situação.

Filha de família se não casa: papai e mamãe não dão nenhum tustão... ♪


Já ouvi varias histórias de adolescentes que saem de casa, seja fugindo ou com consentimento dos pais. Alguns não agüentam e voltam pra casa, outros sofrem horrores, mas não voltam, uns se dão muito bem, outros se dão bem e só voltam para visitar.
A expressão: “sair de casa” soa bem aos ouvidos de qualquer adolescente, rebelde ou não. Sempre há exceções, mas nesse caso são raras.
Sair de casa não é uma tarefa fácil, mas também não é difícil. E se sair de casa para morar longe da comidinha da mamãe, da maquina de lavar roupas e do cheirinho de casa limpa a tarefa se complica ainda mais.
Sair de casa requer três princípios básicos: 1º ter um bom motivo para fazê-lo; 2º ter um bom motivo que renda um bom capital; e 3º ter um bom motivo que renda um bom capital para pagar alguém que limpe sua casa.
Se você acha que pode conseguir essas três coisas, saia já de casa! Mas se o seu desejo de sair de casa é só se livrar dos “pitis” da sua mãe ou dos sermões do seu pai, não saia de casa. Afinal, você ainda vai precisar de alguém para visitar.
Sair de casa é uma sensação única. É liberdade e responsabilidade. É o que determina como sua vida vai ser daqui a vinte anos. Porque se você se dá bem saindo de casa aos dezoito, aos trinta e oito você vai estar rico.
Por incrível que pareça, existem muitos jovens reprimidos dentro de casa que, por falta de apoio familiar, não seguem em frente, não realizam seus sonhos para o futuro, esses, possivelmente, serão os fracassados de amanhã.
Pensar no futuro, correr atrás do sonho ou querer melhorar não é rebeldia, pelo contrário, é sinal de amadurecimento e responsabilidade.

Dia-a-dia com hífen


- Tu mudou.
- Mudei o quê?
- Mudou. Só.
- Cresci, cortei o cabelo, fiz a barba.
- Não tô falando de físico.
- Tá falando de quê então, guria?
- De sentimento.
- Que sentimento, querida? Nada mudou, eu te amo, tu me ama e a gente vai continuar se amando. Simples assim.
- É exatamente isso que mudou. Tu me ama. E só. Tu não inventa nada novo, nada legal pra gente. Não me faz uma surpresa desde o aniversário da minha vó.
- Mas eu tô trabalhando, amor.
- Não justifica. Eu também tô trabalhando, estudando e fazendo o escambau. Mas sempre tentando te agradar. Pô, Ju, custa fazer um agradinho pra tua namorada de vez em quando? Custa?
- ...
- Ah, cansei.
- Cansou? De quê? Por quê? Como?
- Tá vendo? Tu nem presta atenção em mim. Eu tenho me sacrificado pelo nosso namoro. Não quero mais.
- ...
- Acabou, Junior.
- ...
- Tu não vai falar nada?
- Tem o que falar?
- Tá, te dou mais uma chance. Me traz um chocolate.

Oba, lá vem ela...


Mas a pedra não daria o braço a torcer. “Eu nunca vou mudar” dizia ela, mesmo assim a água insistia “Mas meu amor, você tem que mudar, por mim”. E tempos se passaram e a pedra não mudava. Por mais que ela amasse a água, uma pedra é uma pedra.

Porém a pedra não estava disposta a desistir do seu amor. O fato era que não era culpa da pedra ela não querer mudar. Com o perdão do trocadilho, ela era uma pedra cabeça dura. Claro que ela poderia simplesmente tentar mudar e fazer tudo ao contrario, mas ai ela deixaria de ser uma pedra, coisa que não queria.

A água bem que tentava, era apaixonada por aquela pedra. Muito apaixonada. Todos os dias, a todos os momentos, ela se jogava de encontro à pedra só para poder senti-la. Aquilo a confortava. Mas havia algo que ela não gostava – a pedra nunca mostrava nada por ela. Por mais que a pedra dissesse o quanto gostava da água, ela não demonstrava reações. Mas a água não desistia e repetia incansavelmente a sua rotina de beijos e abraços na pedra.

Sem muito o que fazer, a pedra aproveitava o mais que podia. Ela adorava toda aquela paparicação. Mas o tempo era cruel com a pedra. Com o passar dos dias ela já não sentia mais a mesma sensação de outrora, já não se sentia revigorada a cada encontro. O tempo passava e a pedra começava a mudar.

Mas a água continuava a mesma. Ela ainda nutria a mesma paixão pela pedra. Mesmo com toda essa paixão cega, ela começou a notar que a pedra estava estranha, diferente.

Ela já não brilhava mais com as gotas que a água deixava em sua superfície. Mas a água queria acreditar que tudo aquilo era só invenção sua. Mas não era. E a pedra ficava mais esquisita a cada dia. Houve um tempo que a água tentou não se preocupar, mas agora era iminente, a pedra estava diferente – e ela estava desaparecendo.

O desespero tomou conta da água. Ela estava perdendo seu amor aos poucos e era obrigada a acompanhar cada minuto dessa perda agonizante. A pedra já não respondia mais aos seus chamados, não brilhava com seus gotejos. A pedra parecia somente mais uma pedra no meio de muitas, uma pedra que estava sumindo, desaparecendo.

A preocupação da água só aumentava, ao contrario da pedra, que cada vez menos podia ser vista. Conviver sem ter seu grande amor, mesmo que tendo sido pouco correspondida, era demais para a água. A água já não produzia suas costumeiras altas ondas, ela já não brilhava mais. Ela estava morrendo.

E foi então que aconteceu o inesperado. “Água, você pode me ouvir?” disse uma voz. “Pedra? É mesmo você? Meu grande amor?” respondeu a água, sem acreditar no que poderia estar acontecendo. A pedra, vendo que não poderia mudar nunca, desistiu. Não desistir da vida ou da água, mas desistiu de ser uma pedra. Aos poucos e com o passar do tempo, ela deixou que a água, seu grande amor, a destruísse, a fizesse em pedacinhos, para que assim ela pudesse ficar com quem sempre amou, mas que nunca teve como corresponder do jeito que queria.