Realidade.


Tava tudo calmo eu nem sabia pra onde í, o cara me deu o indereço e disse que a dona pagava bem. A casa dela era no fim do mundo de isquina cá trinta e cinco, baita mansão eu sabia qui um dia num ia sê suficente pra faxina aquele casão. Gente rica sabe? Granfino de nariz impinado nem sei o que qué com diarista. Entrei na casa e a patroa já veio me xingano, disse que eu tava atrasada e que ia descontar da diaria, já me subiu o sangue né? Quê que ela tá pensano? Qué me tira pá troxa, eu num terminei os estudo mais sei que isso ela num pode fazê. Já fui pegano na bassora e saí barreno tudo, o que tem de rico tem de porco essa gente. Pra caba cá minha paz a mulér tinha um pestinha, ô pirralho mais chato, só quiria ficá na minha volta, tava quase chutano ele pra longi dali. A praga tava me dano nus nervo, deu vontade de joga pela janela, só num joguei porqui dá cadeia e eu num posso xuja meu nome, o Tonhão tá lá quem é que vai sustenta as cria em casa? Tenho que mantê u controli.

A casa tava taum xuja qui eu me estrupiei pá limpa tudo má limpei. O pirralho tinha um desses apareio moderno de joguinho na tv sabe? Má me torro as pacênça pra liga aquilo pra ele, eu nem sabia que botão aperta. E o piá me encheno, aaaah eu infiei um bico na boca dele e continuei o sirviço. Ele abriu o berrero, num quiria mai nada né? Uma casa de porco podrisuja, um piá ranhento chorano nos meu ouvido e aquela dondoquinha quereno me dizê como fazê o meu sirviço.

Nu fim do dia eu tava toda detonada, minha culuna tuda torta e a diaria nem cubriu o que eu sufri naquela casa. Num volto mais tamém. Vô fala cu Gérso que eu num quero mais essas granfina mimada, só sabi enxê e ainda tem uns pentelho pá mincomoda.
Só trabáio nesse ramo purque o bolsa família é pocu pra alimenta as cria lá em casa, sem o Tonhão pá bota dinhero dentru de casa só as minha diária num basta pra sustenta oito filho.

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