A maçã, a pêra e a uva.


Esses dias, estava eu dando uma boiada pela net e me deparei com um vídeo deveras interessante. Era o vídeo do violinista Joshua Bell, um dos maiores do mundo, tocando um Stradivarius, violino estimado em trinta e cinco milhões de dólares, numa estação de metrô em Washington em plena hora do "rush". O que têm de mais no vídeo? Primeiro, algumas considerações.
Jushua Bell é um dos violinistas mais conceituados da atualidade, sendo que na noite anterior havia se apresentado para um público que não pagara menos que oitocentos dólares para vê-lo. Na estação de metrô, na manhã seguinte ao grande concerto, Jushua se pôs na entrada do metrô, como se fosse qualquer pessoa, e começou a tocar o raríssimo Stradivarius. Foram quarenta e cinco minutos de música e apenas seis dólares ganhos. Dá para contar na mão o número de pessoas que pararam para olhá-lo ou até mesmo os que somente o observaram. Quarenta e cinco minutos de um lindo, esplêndido eu diria, solo de violino com um dos instrumentos mais caros que existem no mundo e tudo que ele conseguiu foram seis dólares e meia dúzia de olhares. Na noite anterior estimasse que ele tivesse ganho em torno de cem mil dólares.
E agora refaço a pergunta: O que têm de mais no vídeo? Tudo. As pessoas não dão valor àquilo que têm quando não estão "procurando". E isso afeta muito a vida de todos. Quantas vezes já aconteceu conosco de o que queremos estar ao nosso lado e mesmo assim fazermos de tudo para achá-lo, esquecendo de simplesmente olhar para o lado? Acontece o tempo todo. O mundo funciona assim. Não damos valor ao que temos até termos que "pagar", independente de que forma, por aquilo. Valorização só vem com sofrimento. Quem sabe se abríssemos um pouco mais os nossos olhos, enxergássemos além da nossa janela ou quem sabe parássemos de olhar somente para o nosso umbigo, enxergássemos aquilo que sempre esteve a nossa frente. Eu não sou a pessoa certa para dar certos conselhos, mas a lei é clara, "faz o que eu digo, não o que eu faço". Na condição de egoísta, acho que nada vai mudar, ninguém consegue se importar mais com os outros do que consigo mesmo por muito tempo.
Redefinição não existe no século XXI. Redenção então, nem pensar. Quem dera fossemos de pano, só assim daríamos mais valor para a agulha.


UPDATE (muito, muito tempo depois): para ver o que eu penso em outras palavras, favor ler o livro 'Doidas e Santas' da tia Martha, lá pela página 128, 138 ou 148 (sei que tem oito no final).

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