Eu, incolor.


Vou lhes contar uma breve história sobre um cara solitário. O nome dele era Tom, e ele não era do tipo popular, nem mesmo o amigo nerd que é tímido. Tom não se enquadrava em nenhuma predefinição, aliás, ele era uma mistura de todas as definições de caras da faculdade, porém era só. Era bonito, mas não tinha garotas na volta, era inteligente, mas não tirava boas notas, todos o conheciam, mas ninguém sabia quem era. O tipo de cara que vai a uma festa, mas não é notado, aquele tipo que não fede, nem cheira, sabe? (Sempre tem um desses em algum lugar, só que a gente não nota).

Tom trabalhava numa livraria e vivia com uma pilha de livros nos braços, aliás, ele vivia dentro dos livros, pois a cada um que lia influenciava em algum aspecto da sua aparência. Já andou com um anel pendurado no pescoço e com uma toalha na mochila, chegou até a roubar um livro da biblioteca municipal, e a se enviar cartas de baralho com endereços escritos, mas ninguém nunca notou.

Suas esquisitices e estranhezas o faziam diferente, mas não mudava o fato de não ser notado. Certa manhã, Tom acordou disposto a mudar a sua vida. Pôs a sua roupa mais cool, não arrumou os cabelos, nem pôs o relógio no pulso. Acordara decidido a ser notado. Naquele mesmo dia, a tarde, Tom foi notado, na faixa de segurança do cruzamento mais movimentado da cidade, na hora do rush. Tom tinha uma arma dentro de sua boca e puxou o gatilho com a convicção de que só assim seria notado.

Tom foi notícia em jornais do mundo todo, uma semana depois já não se falava nele.

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