O final é o começo


Depois do “felizes para sempre” da Branca de Neve, ela e seu príncipe desnomado foram para o seu lindo castelo na província dos ex-príncipes-sem-nome-futuros-reis-de-um-lugar-qualquer.

Lá eles viveram anos de beleza, amor e sem gracisse, até que Branca engravidou. Branca teve uma linda menina de pele negra e os olhos mais escuros de que já ouvi falar. Seu nome? Jasmim. Jasmim era uma linda criança, mas não o bastante para alegrar Branca, que entrou em depressão pós parto.

Branca sofreu muito ao se ver com os peitos caídos, as olheiras na face e seus cabelos mal cuidados. Começou a beber, e meses depois de dar a luz a linda Jasmim, morreu de cirrose.

O Príncipe-desnomado-que-já-era-rei, sofreu muito com a perda de Branca, mas cuidou de sua filha com muito amor, até arranjar outro rabo de saia que cuidasse melhor dela. Foi então que ele conheceu a linda e já experiente Miranda Priestly, que apesar da fama de “dama-de-ferro” tinha duas filhas, e saberia muito bem cuidar de Jasmim. Suas filhas eram Alice (que no final dessa história irá para o País das Maravilhas) e Caixinhos Dourados, que não tinha caixinhos, muito menos cabelos dourados, e tinha cara de bolacha Trakinas.

A infância e adolescência de Jasmim foi sofrida, pois se culpava pela morte da mãe, sentia falta do pai, que só sabia viajar pra comprar vestidos caros para sua esposa, e sofria nas mãos de suas meio-não-irmãs que a faziam fazer os trabalhos de escola delas. Porém Jasmim cresceu linda e morena, tornando-se uma bela mulher.

Certa manhã, Jasmim saiu para comprar carne no Açougue dos Três Porquinhos, e de papo com o Lenhador, foi surpreendida pelo Lobo Mau, que estava fazendo um bico de panfleteiro pra ganhar um extra. O panfleto que o Lobo entregava falava sobre a festa anual do Peter, uma das melhores da região, que aconteceria naquela noite. Jasmim correu para casa para se arrumar.

Não contou nada para suas meio-não-irmãs, para que elas não estragassem sua noite. Procurou seu vestido mais bonito, pois queria estar sexy para, quem sabe, achar o seu príncipe desnomado. Porém, Jasmim não entrou em seu vestido, os donuts que comera sem parar fizeram a diferença. Ela chorou, chorou e chorou, e quando estava como uma bêbada acabada no final da festa, de suas lágrimas surgiu, ninguém mais, ninguém menos que: O Maskara! Meio sem saber o que havia ali, disse que Jasmim não estava como deveria estar para esperá-lo. Jasmim, meio embasbacada explicou-lhe a situação. Num subto tornado, o Maskara, dando uma de fada madrinha, arranjou um bom espartilho, um vestidinho rosa-bem-mini, uma sandália prata, com um salto plataforma transparente – super na moda, deu um jeito no make da guria e disse que ela estava pronta pro Coco Bongo. Jasmim, surpresa explicou lhe novamente a situação, enfatizando que não queria ir a qualquer festa (tipo o Coco Bongo), mas sim a festa anual do Peter. Maskara abismado-surpreso-e-logo-furioso fingiu que nada havia acontecido, deixou uns trocados na beira da cama e saiu sem dizer nada. Jasmim usou os trocados que Maskara deixou para pegar um taxi, pois não queria chegar na festa de ônibus.

Ela dançou como nunca havia dançado, rebolou como nenhuma outra, chamou a atenção de todos os príncipes desnomados da região, principalmente de Peter, o anfitrião. Peter a cercou a noite inteira, até que ela, encantada, se deixou levar pelos encantos dele. No final da festa, entre beijos e amassos, ele a convidou para sairem dali, irem para um lugar mais tranquilo, e todo aquele papo masculino. Quando estavam no in-out-in-out, ali, no carro mesmo. Um guarda bateu na porta, pediu os documentos e para que se compuzessem. O carro era do pai de Peter, que havia morrido havia alguns meses. Jasmim tinha vinte e cinco anos. Peter doze, na documentação.

Jasmim mal acreditava no que havia feito. Uma criança. Ele foi para algum juizado de menores. Ela presa por pedofilia.

Pelo menos ela se livrou da Miranda. Que se livrou do Príncipe-desnomado-que-já-era-rei para ficar com o Capitão Gancho, que tinha mais posses. Já Alice, filha de Miranda, seguiu um porquinho e sumiu numa moita. Dizem que era uma passagem secreta para o País das Maravilhas, mas quem e que vai saber? E a cara de trakinas se atracou num pote de mel que o Lenhador ofereceu.

É, nem todas as histórias tem finais felizes.

Essa eu escrevi no ensino fundamental.

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